image: Imprinto
Credit: UC3M
Uma equipa de investigadores da Universidad Carlos III de Madrid, do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e da Adobe Research apresentou o Imprinto, um sistema que permite incorporar informações digitais invisíveis em documentos impressos, utilizando tinta infravermelha e uma câmara especial. Esta tecnologia propõe uma nova geração de interfaces híbridas entre o papel e a realidade aumentada.
Esta ferramenta, recentemente apresentada na 2025 CHI Conference on Human Factors in Computing Systems que teve lugar em Yokohama, no Japão, foi desenvolvida com o objetivo de permitir uma interação avançada com documentos físicos, sem alterar o seu aspeto visual. “O Imprinto utiliza uma tinta de infravermelhos invisível ao olho humano, mas detetável através de uma câmara sensível aos infravermelhos próximos, como a que pode ser integrada nos dispositivos móveis através de uma simples modificação do sensor fotográfico”, explica um dos promotores do projeto, Raúl García Martín, do Departamento de Tecnologia Eletrónica da UC3M.
Esta técnica abre a porta a novos métodos de rastreabilidade de produtos, autenticação de documentos e enriquecimento de conteúdos didáticos ou profissionais. E tudo isto sem depender de códigos visíveis, como os códigos QR, e sem adicionar dispositivos externos ao documento.
O Imprinto faz parte de um ecossistema mais vasto de ferramentas que os investigadores da UC3M e do MIT estão a explorar com base nas possibilidades dos infravermelhos. Os autores também desenvolveram uma câmara portátil, que estão em vias de patentear, conectável via USB-C a qualquer dispositivo móvel, que permite a visualização de veias sob a pele para facilitar intervenções médicas. Além disso, permite o reconhecimento biométrico com base nos padrões vasculares da palma da mão graças a algoritmos de inteligência artificial.
“O sistema, denominado VeinGoOne, pretende analisar em tempo real as imagens captadas, permitindo não só a visualização em 2D, mas também a reconstrução em 3D da profundidade venosa, utilizando técnicas como a estereoscopia ou o Time-of-Flight”, afirma Raúl García Martín.
Outro dos desenvolvimentos apresentados pela equipa da UC3M é o BrightMarker, um sistema que permite incorporar códigos invisíveis em objectos 3D utilizando polímeros fluorescentes. Esta inovação permite imprimir objetos com etiquetas digitais ocultas, úteis para a rastreabilidade industrial, a logística avançada ou a interação personalizada em ambientes de realidade aumentada, sem alterar a aparência do objeto.
Segundo os investigadores, estes avanços fazem parte de uma visão mais ambiciosa: substituir os telemóveis por óculos ou lentes de contacto de realidade aumentada, capazes de reconhecer e interpretar o contexto através de câmaras de infravermelhos integradas. “Num futuro próximo, tecnologias como Imprinto, BrightMarker e VeinGoOne permitirão aos utilizadores interagir com objetos físicos e documentos de forma digital, intuitiva e personalizada”, conclui Raúl García Martín.
Esta investigação foi realizada graças ao trabalho conjunto de várias instituições, para além da UC3M, como Adobe Research, o German Research Center for Artificial Intelligence, o MIT, Saarland University e Virginia Tech.
Referência bibliográfica: Feick, M. Tang, X. Garcia-Martin, R. Luchianov, A. Wei Xiao Huang, R. Xiao, C. Siu, A. Doga Dogan, M. Proceedings of the 2025 CHI Conference on Human Factors in Computing Systems. Article No.: 447, Pages 1 - 18, https://doi.org/10.1145/3706598.3713286
Vídeo: https://youtu.be/VskRydR5cIA